
Maceió (AL) – A temperatura política em Alagoas permanece elevada. Mesmo após o gesto conciliador de Renan Calheiros (MDB), que ensaiou um afago público ao prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o embate entre o governador Paulo Dantas (MDB) e JHC segue sem trégua. Os dois principais nomes da política alagoana continuam em rota de colisão, com trocas de farpas públicas, disputas veladas nos bastidores e movimentos estratégicos de olho nas eleições de 2026.
O gesto de Renan, interpretado por aliados como uma tentativa de distensionar o ambiente político e até de abrir canais de diálogo com JHC, não foi suficiente para mudar o tom das relações. Pelo contrário: o núcleo duro do Palácio República dos Palmares vê com desconfiança qualquer sinal de aproximação entre figuras do MDB e o prefeito de Maceió.
Enquanto isso, JHC intensifica sua agenda pública e mantém críticas à gestão estadual, principalmente em áreas como segurança pública, saúde e repasses para a capital. Já Paulo Dantas não poupa ataques velados à administração municipal, ampliando a presença do Estado em Maceió com obras e programas que miram a popularidade do prefeito.
Nos bastidores, a leitura é clara: o cenário é de pré-campanha permanente. Ambos os grupos sabem que o embate de 2026 passa obrigatoriamente pela capital alagoana. E, até lá, os gestos de conciliação parecem mais simbólicos do que práticos.
Afago calculado?
A aproximação de Renan Calheiros a JHC — ainda que discreta — gerou especulações. Seria um movimento estratégico para isolar Dantas dentro do próprio MDB? Ou uma tentativa de manter canais abertos com um possível futuro governador?
Aliados de JHC avaliam que o gesto de Renan foi bem-vindo, mas evitam alimentar qualquer especulação sobre uma reaproximação formal. Já no grupo de Paulo Dantas, o gesto foi recebido com frieza e visto como um sinal de alerta.
Seja qual for a interpretação, o fato é que, no tabuleiro político de Alagoas, não há espaço para ingenuidade. E, por enquanto, também não há espaço para tréguas.